domingo, 25 de abril de 2010

NA POLÍTICA NÃO CABE "PAZ" E "AMOR"


Por Jhonatan Almada, historiador
O que talvez os marketeiros desconheçam ou lhe faltem é uma perspectiva histórica. Em política no Maranhão, como no Brasil, sempre estivemos sobre o signo da conciliação, traço característico do comportamento político tão criticado por Raymundo Faoro, pois implica na imobilidade, no não mudar, na incapacidade de transformar.
Se a tudo conciliamos, a tudo acomodamos, nada punimos, não existe referencial, ninguém diferencia como cantou Fernando Pessoa, o bem do mal, vivemos em permanente nevoeiro, é mais do que chegada a hora para por em termos claros a situação política que tanto nos aflige e a tempos tantos.
Tivemos por obra da fortuna ou do azar, talvez de nós mesmos, um Juscelino invertido, que ao invés de não ter o sentimento do medo, se diz incapaz de ter ódio. Se o primeiro destemido fez 50 anos em 5, o segundo fez de 5 seus 50. Nos foi legado um Borges ao avesso. Se o primeiro tinha incapacidade de odiar, mas a sublimidade da arte literária. O segundo tem a perseguição pessoal e institucional como prática, somada à mediocridade intelectual.
Se a oposição não firmar seu terreno, delimitar seu campo, colocar às claras o que de fato se passou e se passa na sociabilidade política maranhense, mais uma vez a farsa redundará em repetição.
Não basta o discurso anti-Sarney, mas ele é indispensável. Mais ainda, ele deve ser nominado, por que este grupo, esta tão falada oligarquia, não é feita apenas de um senador pelo Amapá, aqui está o ponto crucial.
Explicitar quem são, o que fizeram, o que fazem, sem rodeios, sem meias palavras, sem punhos de renda, a política nesta quadra não comporta “paz e amor”, sobretudo por que estas não o são em essência, mas apenas enquanto cena. Se Bourdieu estava certo ao dizer que a sociologia é um esporte de combate, mais correto é dizer que a política é um esporte de sangue. Isto não quer dizer violência, mais intensidade de sentimento, verdade de argumento, ética nos meios e um bem coletivamente decidido ao final do percurso.
Essa plasticidade, essa maranhensidade do sentimento do medo, medo de enfrentar de peito aberto, de dizer às claras e assumir as conseqüências é o grande limite de vida e de morte da oposição. Ninguém governa sozinho, mas mesmo na solidão escolhemos quem e por quanto tempo nos acompanha.
Alguns certamente discordam. Seduzidos que estão pelo adesismo governista, pelos banquetes do poder, iludidos por um projeto de país que não inclui o Maranhão, pois se de fato incluísse iria de encontro ao maior empecilho do nosso desenvolvimento: a fragilidade ou quase ausência de alternância do poder político.
Se a oposição chegar ao poder, e o “se” é a parte de esperança que cabe a todos que mantém a crença nos homens e mulheres de boa vontade, que não se perca com a perdição dos conciliados. Não se pode crer como Tancredo que temos que apenas fitar o futuro, sem nos livrarmos em trabalho persistente, detido, consciente, incansável do passado e do legado passado que insiste em sobreviver.
É marcante que a escola inaugurada no campus da UEMA, nomeada pelo governador Jackson Lago, de CEM “29 de Outubro”, marcando a vitória histórica, teve o nome alterado para homenagear um Papa. A governadora Roseana Sarney com isso dá provas de que “paz e amor” de fato se trata. Em 2 anos e 4 meses de governo, Jackson Lago em postura digna não alterou nenhum dos nomes Sarney, nos vários logradouros e prédios públicos, que mancham nossas vistas e já viraram folclore político pela verve de Domingos Dutra.
O que parece algo banal dá mostras de que a aparente paz e amor não sobrevive ao teste da realidade.

Enviado por Mônica Araújo 
 

Gostaria de perguntar aos leitores se concordam ou não com o Historiador Jhonatam Almada em sua rica explanação, digam o que há de verdade e o que há de encenação nesta postura de "paz" e "amor" pregada pelos marqueteiros, quem são os adeptos desta técnica e se são sinceros ou não, se os que realmente adotam esta postura agem corretamente ou não, se agindo assim existe ou não uma ruptura como passado que se condenou, se o discurso anti-sarney é indispensável , também pergunto o que considero  perturbador, será que o sentimento do medo faz parte de nossa maranhensidade, o medo de enfrentar abertamente, de dizer às claras aquilo que condenamos e assumir as conseqüências. Diga o que você acha, expresse o que pensa e o que sente.

9 comentários:

  1. Bem articulado o comentario do historiador Almada.Estou de acordo com as argumentações estas embasadas no que efetivamente encontramos no dia a dia maranhense. Paz e amor, que paz que amor?

    ResponderExcluir
  2. MEUS CAROS, HÁ REALMENTE UM ERRO HISTÓRICO NO MA, E NÃO DEVEMOS CONTINUAR ESTE ERRO. CABE AO JACKSON DEMONSTRAR O QUE NÃO PÔDE FAZER E O QUE PODE FAZER. CHEGA DE POLÍTICA DE CONFRONTO. É ISSO QUE O SARNEY QUER. VAMOS TRABALHAR PARA MOSTRAR O JACKSON COMO LEGÍTIMO REPRESENTANTE DA VONTADE DO POVO DE VIVER UMA MOUDANÇA NO MA. UMA TRANSFORMAÇÃO, NÃO APENAS DE GOVERNO, MAS DE ADMINISTRAÇÃO. NÃO CONCORDO COM O ESTILO QUE VCS CONTINUAM QUERENDO ABRAÇAR. E SE FIZEREM UMA PESQUISA, TRABALHANDO O MARKETING POLÍTICO CIENTIFICAMENTE, CERTAMENTE TERÃO ESTA MESMA RESPOSTA DO POVO.

    ResponderExcluir
  3. O estilo de confrontação não foi e nem será abraçado por nós, é só observar nossas postagens e verá a verdade, este não é o nosso objetivo. O que foi colocado por nós é: Será que devemos ter medo de sermos perseguidos por defender abertamente aquilo que acreditamos? Isto é uma provocação para refletirmos se nossos posicionamentos são claros e se praticamos a participação. Obrigado pela participação!

    ResponderExcluir
  4. MEUS CAROS, PELO QUE VEJO NÃO DISCORDAMOS DO CONTEÚDO E SIM DA FORMA. DESCULPE, MAS NÃO ME PARECE INTELIGENTE QUESTIONAR SE HÁ MEDO. É PERDA DE TEMPO. NÃO TEMOS MEDO, E ISSO É CERTO. O JACKSON PODE TER POSICIONAMENTOS CLAROS SEM PARECER RANCOROSO OU COISA PARECIDA. SEJAMOS INTELIGENTES : VAMOS FAZER UMA CAMPANHA QUE MOSTRE QUE PODEMOS SER A SOLUÇÃO PARA OS PROBLEMAS QUE TODOS CONHECEMOS. NÃO SE TRATA DE SER "PAZ E AMOR". SE TRATA DE SER INTELIGENTE, CONSCIENTES DE QUE PODEMOS VENCER AS ELEIÇÕES COM PROPOSTAS. É CLARO QUE HÁ DE SE RESSALTAR OS DEFEITOS DO ADVERSÁRIO, MAS COMO SE FAZ NATURALMENTE EM UMA CAMPANHA, COM OBJETIVOS CLAROS E ORIENTADOS POR PESQUISAS. E COMO DICA MAIOR, PAREM DE CHAMAR-SE DE BALAIOS. ISSO SÓ REALÇA A NECESSIDADE DO CHOQUE, DA POLÍTICA DE GUERRILHA. ISSO SÓ VAI FAZER BEM AO GRUPO DO SARNEY. AGINDO ASSIM, PERDEMOS TEMPO E DAREMOS A OPORTUNIDADE PARA QUE ELES POSSAM BATER TÃO OU MAIS FORTE QUE NÓS. E DEIXO BEM CLARO, SOU OPOSIÇÃO A SARNEY, MAS NÃO POSSO CONCORDAR COM A CONTINUAÇÃO DA ADOÇÃO DE PRÁTICAS ELEITORAIS ARCAICAS, COMO ESTAS. ESTE BLOG DEVIA SE CHAMAR "NOSSO MARANHÃO", OU "A VOLTA DO POVO", OU ALGO PRÓXIMO. NUNCA O NOME QUE DERAM.

    ResponderExcluir
  5. Anônimo, uma das provas do medo é o anonimato, a pergunta foi direcionada a todos os leitores, logo a subjetividade de cada um é que dirá o que é ou não perda de tempo, veja bem, este Blog não é do Dr. Jackson Lago, ele e a Dra. Clay Lago estavam presentes no lançamento do Blog como nossos convidados de honra, tenha certeza que nós não estamos fazendo campanha, os balaios são símbolos da resistência e do orgulho dos cidadãos maranhenses que lutam por seus direitos e pelo direito de serem cidadãos. As propostas poderão vir do candidato, da sua equipe de campanha ou do povo, mas parece claro que isto deverá ser realizado em período cabível para tal, quanto às orientações de campanha e de marketing político estas coisas nada têm a ver conosco, cremos que deverão nascer de uma coordenação de campanha, quando houver campanha. O nome do Blog é "Governo Interrompido" porque seu foco é falar das ações realizadas, planejadas e interrompidas do Governo Interrompido, esta é a lógica por trás do nome.

    Podemos discutir estes e outros assuntos pelo twitter se desejar, ou responder suas dúvidas por e-mail. Obrigado pela participação.

    ResponderExcluir
  6. MEU CARO, JÁ ESTAMOS EM CAMPANHA, QUEIRA VC OU NÃO. E EM RELAÇÃO AO ANONIMATO, TAMBÉM NÃO SEI QUEM É VC. ALIÁS, SUA RESPOSTA JÁ DEFINE QUE VC NÃO ESTÁ PREPARADO PARA O DEBATE. TENTAREI ATRAVÉS DE OUTROS MEIOS.

    ResponderExcluir
  7. Caro anônimo, a referência ao anonimato, um comentário não conclusivo, foi uma observação lógica, portanto sem passionalidade, em tempo, o anonimato é permitido neste espaço, como você pôde comprovar. Nossa equipe é composta por Jô Santos, Thiago Fontoura, Marco Aurélio, Alinny Fontenele e eu, Eduardo Tajra, não usamos o anonimato, fomos apresentados no lançamento do blog, isto será colocado no blog quando a questão estética for definida. Sobre o debate, ele é um canal de comunicação de duas vias onde discordar e contra argumentar naturalmente fazem parte do processo.

    Voltamos a afirmar que esta não é uma ferramenta de campanha, não estamos em campanha, desconhecemos a existência de campanha fora do prazo legal, estamos subordinados apenas à decisão democrática do grupo.

    Obrigado pela participação.

    governointerrompidoma@gmail.com
    http://twitter.com/GovInterrompido

    ResponderExcluir
  8. Gostaria de contribuir com o debate. Creio que quanto a crítica da política "paz e amor", seria incorreto compreendê-la como desinteligência ou ignorância do marketing político. É no mínimo ingênuo fazer política desconsiderando isso. Outra coisa é acreditar que confronto desagrada o eleitor, por que certa lenda marketeira fruto das duas últimas eleições presidenciais. Por tratarmos, em geral, de política, somente na proximidade das eleições, é fácil cometer o equívoco de confundir debate com campanha.

    ResponderExcluir
  9. Muito importante a participação do autor do texto, mas gostaria de frisar que o blog não fez defesa de qualquer posicionamento, nós apenas aproveitamos o texto para provocar a reflexão, o debate é o motivo da nossa provocação e sem ele esta perde todo o sentido.

    ResponderExcluir

Nao são admitidos comentários ofensivos à honra, à imagem, à personalidade, à privacidade das pessoas. Eventuais denuncias tem que conter indicios suficientes de materialidade e autoria. Não são admitidos comentários que configurem apologia de crime ou qualquer outro ilícito.